CAPÍTULO II

PROCESSO REVOLUCIONÁRIO

10. 1º DE MAIO-DIA DO TRABALHADOR

(Em 27 Abril de 1974 ) - Instituído o 1º de Maio como Dia do Trabalhador (DL175/74)

1º de Maio- DIA DO TRABALHADOR

Em homenagem às lutas sindicais de Chicago em 1886.

Em 1886, teve início a primeira manifestação de trabalhadores, envolvendo 500 mil manifestantes, nas ruas de Chicago, reivindicando a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias, que foi fortemente reprimida, causando 10 mortos e a que se seguiu uma Greve Geral em todos os Estados Unidos. Três anos depois, em Junho de 1889, o Congresso Operário Internacional convocou, em França, uma manifestação anual, em homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1º de Maio logo em 1890.

Durante a I República, o sindicalismo português consolidou-se e ampliou-se, assumindo então o 1º de Maio, características de acção de massas. Em 1919, após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, foi conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do Comércio e Indústria.

Durante o Estado Novo, com todas as restrições ao exercício de reunião e manifestação, os trabalhadores portugueses souberam sempre encontrar as formas adequadas de contornar todos os obstáculos. As greves e manifestações realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola, são provavelmente as mais relevantes e carregadas de simbolismo deste período negro da História de Portugal. Enfrentando forte repressão, realizaram-se manifestações dos pescadores, dos corticeiros, dos telefonistas, dos bancários, dos trabalhadores da Carris e da CUF. No Dia 1º de Maio, em Lisboa, manifestaram-se 100 mil pessoas, no Porto 20 mil e em Setúbal 5 mil - naquele que foi até então, o mais poderoso Dia do Trabalhador da história do Movimento Operário Português.

Ficará ainda na história do operariado português, como um dos seus mais altos momentos, a luta dos mais de 200 mil assalariados agrícolas dos campos do Alentejo e do Ribatejo. Trabalhadores agrícolas que até então trabalhavam de Sol a Sol, impulsionados pela manifestação de força do 1º de Maio de 1962, impõem aos latifundiários e ao Governo de Salazar a jornada de oito horas diárias.

Mas, não se pode falar do 1º de Maio sem falar do mais extraordinário 1º de Maio realizado até hoje, em Portugal, o primeiro 1º de Maio realizado após o glorioso 25 de Abril de 1974.