CAPÍTULO II

PROCESSO REVOLUCIONÁRIO

19. REINTEGRAÇÃO NO SEU POSTO DO GENERAL HUMBERTO DELGADO

(21 Novembro de 1974) - Reintegração no seu posto do General Humberto Delgado (DL647/74)

DL do Conselho de Chefes dos Estados- Maiores das Forças Armadas, onde pode ler-se:

“A Nação sente como seu dever o reconhecimento público das virtudes e do valor do general Humberto Delgado.

A reintegração póstuma será a manifestação mais expressiva deste preito.”

O General da Força Aérea Humberto Delgado, foi candidato à Presidência da República nas eleições de 1958 contra o candidato do regime Almirante Américo Tomás.

Tendo participado no movimento militar do 28 de Maio de 1926, e tendo sido durante muitos anos um apoiante do regime fascista, apresentou-se às eleições apoiado por parte da oposição, tendo conseguido congregar, em torno da sua candidatura, toda a oposição democrática portuguesa. Para isso muito contribuiu a sua personalidade e coragem, bem patentes na famosa afirmação “obviamente demito-o”, respondendo à pergunta sobre o que faria ao Presidente do Conselho Salazar se ganhasse as eleições e na coragem com que enfrentou a perseguição movida pelos esbirros do regime, que lhe valeu a conhecida imagem do “General sem medo”.

Foi derrotado nas fraudulentas eleições do regime, depois duma campanha eleitoral agitada por grandes movimentações de massas e por forte repressão policial. O grandioso apoio popular à sua candidatura, a denúncia das fraudes e a recusa na aceitação dos resultados eleitorais, transformaram-no num alvo prioritário do ódio, do acossado regime fascista. E, valeram-lhe a demissão do serviço activo das Forças Armadas, o exílio e posteriormente a morte às mãos da PIDE, em 13 de Fevereiro de 1965.Com o DL 647/74, o poder resultante da Revolução de Abril de 1974 inicia o processo de reparação da figura ímpar da história portuguesa contemporânea que foi, inquestionavelmente, o General Humberto Delgado. Posteriormente a Assembleia da República, em 19 de Julho de 1988, decide a transladação dos restos mortais do General para o Panteão Nacional, o que virá a acontecer em 5 de Outubro de 1990, no 80ª aniversário da implantação da República, tendo, nesta mesma data, sido elevado, a título póstumo, a Marechal da Força Aérea Portuguesa.