ANEXO VIII

LUTA ESTUDANTIL

“A «primavera marcelista» e as eleições de 1969 foram a situação interna onde, de uma forma ou de outra, se vieram inserir estas movimentações. A nível Internacional cabe registar, por um lado, a continuação das guerras coloniais que começavam a aparecer como um «beco sem saída» do regime. Por outro lado, a influência do Maio de 68 Francês, sobretudo ao nível de temas de discussão, reivindicações e formas de luta, não é desprezível. As movimentações que vão surgir em 1968 e 1969 no Técnico, em Económicas ou em Coimbra têm novas características, baseiam-se num aprofundamento cultural dos temas em debate, e trazem para o primeiro plano da contestação estudantil o autoritarismo dos professores, o conteúdo das cadeiras e a própria guerra colonial.

Na fase final do fascismo, o sistema repressivo intensificou a sua actividade dentro das escolas, e instalou-se no interior destas últimas. Este agravamento repressivo, traduzido na presença diária da polícia de choque e de pides nos corredores ou nas próprias salas de aula, as invasões de faculdades, as prisões, o encerramento de associações e cantinas, acabavam por atingir todos os estudantes e por indignar a própria opinião pública.

Importa salientar a propósito da intensificação da fúria repressiva do regime, que este último sentia o agravamento da situação nas frentes africanas, muito especialmente na Guiné, cuja independência será em breve proclamada, reforçando, assim, o isolamento internacional do marcelismo. Entretanto, a própria situação interna sofre alguma deterioração, particularmente devido a um surto de greves operárias que alcançará a sua máxima intensidade nas vésperas do 25 de Abril.”

(Transcrições retiradas da publicação ”Movimento Estudantil no Banco dos Réus”- Edição da A.E.F.C.L.-Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa- Março de 1979).