CAPÍTULO IV

CONCLUSÃO

Após esta passagem meteórica pelo período mais bonito e mais rico da nossa História recente, pela mão dalguns daqueles que tiveram o privilégio de a viver, com a intensidade e o fervor revolucionário contagiante da figura do General Vasco Gonçalves como referência primeira, imperativo se torna questionarmo-nos: Como foi possível chegarmos aqui, 40 anos passados, com um país destroçado pelo parasitismo capitalista, sem ânimo, sem futuro para os seus filhos e a mando de estrangeiros?

O processo contra-revolucionário, iniciado em 25 de Novembro de 1975, ardilosamente concebido nas embaixadas do imperialismo, com participação de actores nacionais conhecidos, arrastou para as suas hostes muitos dos homens que estavam com a Revolução, no convencimento da necessidade de travar os “proclamados” excessos revolucionários, uns, assustados com os seus próprios fantasmas, outros. É assim, que o processo contra-revolucionário se inicia: pela superestrutura do Estado, Governo e Forças Armadas, de forma sub-reptícia, nunca assumida como tal, sempre apoiada por campanhas fortíssimas de manipulação da opinião pública e hipocritamente invocando mesmo a defesa dos valores de Abril. É assim, que, sistematicamente ao longo dos anos, se foram destruindo as Conquistas da Revolução: primeiro destruindo tudo o que cheirasse a participação democrática no processo produtivo pelo povo organizado (Reforma Agrária, Controlo operário, etc.); depois vendendo e/ou destruindo toda a nossa capacidade produtiva (ao mesmo tempo que nos atrelavam à Europa capitalista); depois ainda, permitindo a reconstituição dos monopólios capitalistas para dimensões obscenas e por fim reduzindo-nos à miséria pelo roubo dos salários e das pensões, pela destruição dos sistemas de saúde e de segurança social.

É assim, que no nosso Portugal que, por muito que alguns não queiram, ainda é o Portugal de Abril, a não gente que hoje ocupa o poder, manda os jovens emigrar.

Num próximo trabalho procuraremos, de forma também documentada, tratar este tema “A Contra-Revolução”.

A Associação Conquistas da Revolução (ACR), assume como seu objectivo principal e estatutário a defesa das Conquistas da Revolução, na convicção inabalável de interpretar o profundo sentimento do povo português, que o grande poeta de Abril, J. Carlos Ary dos Santos, tão bem soube traduzir, no seu empolgante poema que temos vindo a citar:

“E se esse poder um dia

o quiser roubar alguém

não fica na burguesia

volta à barriga da mãe!

Volta à barriga da Terra

que em boa hora o pariu

agora ninguém mais cerra

as portas que Abril abriu.”

“As portas que Abril abriu” Ary dos Santos